sexta-feira, março 06, 2015

O País cai ‘na real’


Não tem mais jeito... Aliás, nunca teve! Belíssimo texto de Thaís Herédia do G1:

O País cai ‘na real’

A lista de Janot apareceu. São 47 políticos que estão ou já estiveram com a responsabilidade de legislar! À espera dos nomes, o mercado financeiro endoideceu. O dólar subiu 7% na semana, ultrapassando a barreira dos R$ 3. Os indicadores de risco do país subiram, o pessimismo e a desesperança aumentaram. 

Esse movimento todo quer dizer apenas uma coisa: a correção do preço do Brasil. Quanto vale o nosso país? Sim, porque quando um investidor compra um título público brasileiro, está comprando o país. Quando o investidor estrangeiro percebe que o quadro piorou e o prognostico é ruim, quer ir embora e, para isso, tem que “vender Brasil” e comprar dólar. 

Esta semana parece que o Brasil “caiu na real”. Talvez ele já venha “caindo na real” há algumas semanas. Ninguém mais duvida do tamanho do estrago feito pelo governo, principalmente na economia. Tudo aquilo que foi represado nos últimos anos rompeu a contenção: energia, transporte, combustível, eletrodoméstico, carro. Agora os preços nas etiquetas refletem mais a realidade. 

Se não tivéssemos entrado à força no mundo da fantasia, o despertar não seria tão caro, ou assustador. Veja o exemplo da conta de luz: caiu 20% em 2013 e vai subir 50% em 2015. A gasolina ficou tanto tempo sem reajuste que conseguimos a façanha de ter o petróleo caindo 50% lá fora e o combustível subindo aqui. É daí que vão sair os centavos para forrar o caixa da Petrobras, que foi achacado nos últimos anos. 

Se o mundo tivesse dado uma paradinha enquanto a gente experimentava a “nova matriz macroeconômica” teria sido ótimo. Mas na vida real isso não é possível, infelizmente. Enquanto o Brasil piorava, os Estados Unidos se recuperavam, a Europa parava de cair. O efeito é o mesmo daquele exemplo da conta de luz. Ao voltar “para real”, a economia brasileira tem que pagar o preço da mentirinha e o preço da volta à verdade. 

É como uma pedra no estilingue que foi esticada até arrebentar a borracha. A pedra sai voando a toda e, quando bate no alvo, faz um belo estrago. O alvo são todos os brasileiros que aceitaram de bom grado viver a aventura conduzida pelo governo. Afinal, “eles” diziam que era “para sempre” a redução na conta de luz, os juros mais baixos da história, a retirada de impostos. Se era “para sempre”, quem pensaria que a “brincadeira infeliz” sairia tão cara. 

A inflação fechou fevereiro em 7,7%. Em algum momento ela vai arrefecer. Mas não antes de amortecer todas as “pedras” atiradas pelo estilingue da presidente Dilma Rousseff. As contas públicas estão com a “tesoura no pescoço”, mas o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não consegue usa-la porque está amarrado na pressão política. 

Pressão que agora sofre um revés com a lista de Janot. O conteúdo da tão esperada lista assusta pela quantidade de políticos, mas também pelo comprometimento nefasto que se abateu sobre as instituições brasileiras. Ao que parece, a correção do preço do Brasil está ainda no meio do caminho. 

A conferir.

Sérgio

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