segunda-feira, abril 11, 2016

Brasil, sil, sil, sil...


Lavagem de dinheiro a olhos vistos... Só não enxerga quem não quer! Veio da Folha de São Paulo:

O cinema brasileiro tem novo campeão. Neste domingo (10), "Os Dez Mandamentos", versão cinematográfica da novela da Record, bateu "Tropa de Elite 2" e se tornou o filme nacional com mais ingressos vendidos desde a criação da Embrafilme, em 1970 quando a contagem começou. Foram 11,205 milhões de bilhetes, segundo a distribuidora Paris Filmes, com base em dados do site especializado "Filme B". Na contagem da Rentrak, que também analisa o mercado, ainda faltavam 50 mil bilhetes (0,4%) para o recorde. Porém, o número não significa que o longa bíblico tenha sido visto por mais espectadores do que o filme de José Padilha, que fez público de 11,146 milhões em 2010. Isso porque houve uma espécie de milagre da multiplicação dos ingressos: sessões oficialmente lotadas ostentavam poltronas vazias.

Às 16h de uma quinta-feira (31/3), no guichê do Cinemark do shopping Raposo Tavares, uma vendedora disse que não havia mais ingressos para Os Dez Mandamentos. Justificou que a sessão estava fechada para um evento. Questionada, respondeu que um pastor comprara toda a sala em dinheiro vivo (ao menos, R$ 4.185). A gerente confirmou a história. A reportagem contou apenas 15 espectadores nos 279 lugares. O Cinemark confirma que vendeu sessões inteiras de Os Dez Mandamentos, sem comentar mais detalhes. Em 1º de abril, sexta-feira, a sessão das 16h40 também estava esgotada no Espaço Itaú do shopping Bourbon, zona oeste de São Paulo. A saída, duas horas depois, foi rápida: oito espectadores. Neste sábado (9), situação semelhante aconteceu no mesmo cinema. Duas salas estavam reservadas para o longa às 10h30: o cinema acabou abrindo apenas uma, e mesmo assim teve a maioria das poltronas vazias.

É NATURAL

Um dos responsáveis pelo cinema afirma que houve vendas coletivas para igrejas e a taxa de ocupação das salas foi de cerca de 70%. E que a venda antecipada é natural em blockbusters, como Os Dez Mandamentos: quem compra nem sempre vai à sessão. Na rede Topázio, que tem duas unidades em Indaiatuba (98 km de São Paulo), representantes da Universal e de outras igrejas compraram, usando dinheiro em espécie, ingressos para fechar de uma a duas salas por semana, segundo o proprietário, Paulo Lui. As salas, diz ele, estiveram sempre lotadas desde a estreia, em 28 de janeiro. Marcio Fraccaroli, diretor da Paris, distribuidora do filme, diz que houve "alguma coisa de filantropia, mas só no começo da distribuição do filme. Algumas pessoas ganharam convite e não apareceram, a gente entendeu isso como uma coisa natural." "Houve de tudo. Gente que comprou sem ser evangélico, em grupo e igrejas que se organizaram e foram assistir." Fraccaroli, assim como Paulo Lui, ressalta uma virtude da estratégia de compra coletiva e distribuição de ingressos: apresentar o cinema a quem jamais havia pisado em um.

Na quarta passada (6), após o culto das 18h na unidade de Santa Cecília, centro de São Paulo, uma voluntária da Universal pediu o celular da repórter (que não se identificou) e informou que, caso ela não tivesse visto o filme mas tivesse interesse, poderia tentar conseguir um ingresso para o fim de semana. Diferentemente dos EUA que contabiliza seus filmes pelo faturamento em dólares e não dá bola para a quantidade de espectadores, o Brasil historicamente apresenta seus dados em renda e em ingressos vendidos o que se traduz em número absoluto de espectadores. A Ancine (Agência Nacional do Cinema), que regula o setor, não audita se cada comprador usou o ingresso. Por isso, não há como saber o quanto a bilheteria de Os Dez Mandamentos, ou de qualquer outro filme, corresponde ou não à realidade de espectadores efetivos.

Segundo exibidores e distribuidores, fechar sessões de cinema é comum, e ocorre com mais frequência em filmes religiosos, que tendem a mobilizar grupos de fiéis. Eles mencionaram "Maria, Mãe do Filho de Deus" (2003), com Marcelo Rossi, e "Nosso Lar" (2010) –neste, centros espíritas teriam fechado sessões e distribuído ingressos por orientação da Federação Espírita Brasileira. A associação negou.

Sérgio

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