Lava a jato usa nomes de alvos de ação da PF para atrair clientes em PE. No local, José Dirceu, Lula e Petrobras são nomes de serviços. Cerca de 90% da clientela vem por causa dessa estratégia', diz dono.
Desde 2014, o termo "Lava Jato" ganhou uma nova conotação no país e passou a ser associado não somente à limpeza de carros, mas também à operação da Polícia Federal (PF) que investiga, entre outros crimes, a lavagem de dinheiro na Petrobras. Num estabelecimento em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, "Operação Lava Jato" ainda tem sentido literal e dá nome a um negócio aberto há cerca de três meses, que chama atenção por ter "José Dirceu", "Lula" e "Petrobras" como nomes dos serviços de lavagem de veículos. “José Dirceu” passou a ser a o codinome para lavar o carro apenas por fora. “Petrobras” é o serviço para quem quer a lavagem do veículo e a aspiração do interior do carro. “Lula”, por outro lado, é o nome do serviço completo: lavagem, aspiração e polimento do carro.
A ideia surgiu há cerca de três meses, depois de o técnico em eletrônica Bruno Bacelar ser demitido de uma empresa de instalação de TV, internet e linhas telefônicas devido ao corte de gastos na companhia. Sem emprego, ele se uniu à esposa, Poliany Barros, numa única missão: encontrar o segmento ideal para ganhar dinheiro e superar a perda da renda fixa e finalmente realizar o sonho antigo de abrir o próprio negócio. Depois de listar várias opções, o casal viu na lavagem de carros uma oportunidade de aliar um hobby de Bruno à necessidade de pagar as contas e, de quebra, usar uma das operações mais conhecidas da Polícia Federal como a principal propaganda do serviço.
“Se ele [Bruno] pudesse, lavava o carro todos os dias. Levamos isso em conta na hora em que pensamos no que fazer e terminamos escolhendo esse segmento, porque também tínhamos dinheiro suficiente para montar o lava a jato”, conta Poliany. Depois de escolhido o negócio, chegou a hora de usar a criatividade e escolher uma forma diferente de divulgar a empresa, localizada no bairro de Piedade. “Sempre assisti aos noticiários e estive muito atento à política no país. Por isso, achei que a Operação Lava Jato seria uma boa forma para chamar a atenção dos clientes”, revela o empresário. Além da tradicional pesquisa de mercado que um empreendedor costuma fazer antes de abrir o negócio, o casal também fez um levantamento dos envolvidos na operação para escolher quais deles dariam nome aos serviços. "Já temos um cartão fidelidade e estamos estudando outros nomes para acrescentar nos nossos serviços", conta o empreendedor.
Diferencial
Para Bruno, a forma descontraída de chamar os serviços é uma forma de se destacar em meio à concorrência acirrada no bairro. “Existem quatro outros lugares que lavam carros aqui perto e, por isso, fizemos uma pesquisa de preços e também tivemos cuidado para escolher as pessoas que dariam nome aos serviços. Hoje em dia, 90% da minha clientela vem aqui só por causa desses nomes”, comemora Bruno. Também desempregada na época da inauguração do lava a jato, Poliany trabalhou com o marido até conseguir um emprego de secretária, há um mês. “Hoje em dia, só trabalho com ele aos fins de semana. O movimento tem aumentado e, se continuar desse jeito, vamos ter que contratar um ajudante. Espero que continue assim”, declara.
Sérgio
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