Pessoal,
Puxadinhos do Rio tem até 7 (sete) andares!!! Inacreditável... Matéria do Globo:
Sete mil e 200 apartamentos, em 180 blocos distribuídos por uma área de cerca de 450 mil metros quadrados (54 vezes o gramado do Maracanã). O maior conjunto habitacional do Rio, o Dom Jaime Câmara, construído em 1969, atravessa dois bairros - Bangu e Padre Miguel - tem cerca de 26 mil moradores, população superior à de 37 dos 92 municípios do Estado do Rio, e uma quantidade de problemas igualmente superlativa. Em seus 42 anos, a fase de crescimento do conjunto não cessa. Nele, pelo menos 1.800 puxadinhos rompem com a homogeneidade dessa "cidade" de prédios gêmeos. Gatos de energia, prestações acumuladas, praças malconservadas, ausência de escolas de ensino médio e apartamentos invadidos pelo tráfico também compõem o quadro.
Das centenas de puxadinhos - chamados de "puxadas" pelos moradores -, mais da metade é ocupada por pequenos comércios, contabiliza o presidente da associação de moradores do conjunto, Alex Ignacio, uma espécie de síndico. Neles funcionam padarias, lanchonetes, lojas de roupas, oficinas, lan houses e toda sorte de estabelecimentos que suprem as necessidades do lugar, cujo projeto não previu lojas. A cabeleireira Lucinete Bezerra da Silva, de 53 anos, dona um pequeno salão de beleza, conta que as áreas onde hoje está o comércio eram espaços de lazer dos blocos. Aos poucos, foram substituídos por garagens e, depois, alugados ou vendidos a comerciantes. - A compra das "puxadas" é apalavrada. É ilegal. Mas, se a prefeitura cobrasse imposto, seria bom, valorizaria o lugar - acredita.
Os puxadinhos, no entanto, não se restringem ao térreo. Estão em quase todos os andares. Alguns prédios (todos de cinco pavimentos) ganharam um sexto ou até sétimo piso. Há verdadeiros prédios anexos. Em algumas áreas, ruas se transformaram em vielas, devido à ocupação dos espaços públicos. Até igrejas evangélicas se estabeleceram nos puxadinhos, hoje um dos maiores motivos de brigas no Jaime Câmara. - Sempre contornamos brigas de um vizinho acusando o outro de invadir o seu espaço - diz Ignacio.
Resolver essas questões não é simples. Cálculo da associação de moradores expõe que apenas 20% dos apartamentos (cerca de 1.500) estão em dia com suas documentações. O restante está alugado, em inventários na Justiça ou invadido, o que dificulta a organização dos blocos em condomínios e facilita a inadimplência. Há prédios com dívidas de até R$ 300 mil em conta d'água. Uma bola de neve antiga, desde a chegada dos primeiros moradores. Eles compraram o apartamento financiado pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) ou foram reassentados de favelas pela Coordenação de Habitação de Interesse Social (Chisam) e tiveram que assumir uma prestação pela casa própria. Em 1977, quando a Companhia Estadual de Habitação (Cehab) iniciou o despejo dos inadimplentes, 46,9% das famílias do local não tinham sequer contrato com a companhia e 17% deviam de 43 a 48 prestações.
A 'imobiliária' do tráfico
Hoje, outro drama é a invasão de apartamentos por traficantes, a maioria da Vila Vintém. Sem se identificar, uma moradora conta que os bandidos tomam imóveis de viciados em dívida. Ou simplesmente se apoderam de residências vazias, que seriam vendidas. - O tráfico funciona quase como uma imobiliária. Invade e vende apartamentos - conta a moradora. O tráfico se concentra em duas ruas, a L e a I, esta última uma das mais extensas e próximas da Vila Vintém. É chamada de Rua da Morte por vizinhos. Mas a violência se espalha por todo o conjunto. Outra moradora diz que já assistiu da janela a dois assassinatos. Nas duas vezes, o mesmo tipo de ação: tiros à queima-roupa, em frente à portaria do bloco das vítimas.
A criminalidade remonta à ocupação do conjunto. Em 1969, junto com moradores removidos, vieram gangues de favelas rivais. - Havia uma disputa de poder. E, como estavam todos misturados, foi uma época de convivência muito difícil - conta o morador Jorge Alberto de Sousa, de 57 anos. - Hoje, pelo menos, não há mais disputa. A violência não impediu que, do encontro de tanta gente de lugares diferentes, surgisse uma comunidade unida e de identidade própria. - Se você falar um ai, vem todo mundo socorrer - diz a moradora Selma Rodrigues, de 44, ilustrando o clima de solidariedade.
Tem mais sobre esse assunto, leia clicando AQUI.
Sérgio
Nenhum comentário:
Postar um comentário