Pessoal,
Tá mais fácil trair do que coçar... Vejam esta matéria da Marie Claire:
O Brasil é o novo destino de sites de relacionamento que prometem aventuras extraconjugais para casados. Neste ano, desembarcam aqui três redes sociais que fazem sucesso na Europa e nos Estados Unidos buscando amantes com o perfil de seus usuários. Para entender como o serviço funciona e que tipo de pessoa o procura, marcamos encontros com dois candidatos a amantes — e com uma candidata.
Sou casada há oito anos e procuro aventuras sexuais que não comprometam minha reputação em casa. Amo muito meu marido e quero viver com ele para sempre...”. Meu texto era claro e, à exceção de “procuro aventuras sexuais”, verdadeiro. Decidi que, ao me cadastrar nos sites de relacionamento, que agora oferecem amantes para homens e mulheres, não enganaria os internautas, apenas demonstraria interesse por eles para saber que tipo de candidatos o serviço oferece. Portanto, no meu perfil cadastrado, idade, peso, altura e até a fotografia do meu rosto correspondiam à verdade. E, parece, agradaram. Em menos de três dias — depois de preencher uma ficha enoooorme com preferências sexuais, etílicas, musicais e sociais — recebi um e-mail do site Encontros com casadas. O título era: “Olá, Marina Caruso: 193 usuários estão interessados em você”. Uau, 193! Fiz mais sucesso em uma semana na internet como adúltera do que a vida toda sendo eu mesma...
Tratei, então, de conversar com alguns dos aspirantes. Primeiro, eliminei os que tinham fotos obscenas em seus perfis (muitos homens preferem expor a genitália ao próprio rosto). Depois, risquei da lista aqueles de postura ou português ruins. “Kro conhesser mulheres gostosas” ou “Vem cá minha gata tesuda”, não fariam meus olhos brilharem se estivesse, de fato, buscando uma aventura. Feita a peneira (em um mês, ao todo, 7.203 pessoas visitaram minha página), comecei a trocar mensagens com cinco rapazes dentro de um chat do próprio site. Conversa vai, conversa vem, passei meu MSN pessoal para quatro deles. E depois de algumas tardes de bate-papo, marquei de me encontrar pessoalmente com dois — que, aqui, serão chamados de Roberto e Sílvio.
Roberto e eu nos encontramos para um café. Era sexta-feira à tarde e tudo o que eu sabia sobre ele é que tinha 35 anos, morava na Zona Sul de São Paulo, era casado havia cinco anos e pai de um menino de 7, do primeiro casamento. Loiro de olhos claros, ao vivo e em cores, pareceu-me bonitinho — apesar do nariz meio torto e da roupa de gosto duvidoso (calça jeans semibag, tênis de corrida e camiseta justinha no estilo “mamãe, sou forte”). Cavalheiro, chegou 20 minutos depois da hora marcada e, ao me reconhecer (já havíamos trocado fotos pela internet), veio logo se desculpando com um sorriso fofo. Depois, cumprimentou-me com um beijinho na bochecha e um abraço colado, daqueles bem íntimos, com mãozinha nas costas que vira aperto de corpos. Sem graça, soltei-me delicadamente e sentei à mesa. Ele fez o mesmo e começou o papo “E aí, mulher misteriosa? O que você faz da vida, afinal?”.
Contei que trabalhava em uma editora — o que não deixa de ser verdade — e estava casada havia oito anos. Tempo suficiente para saber que eu amava muito o meu marido e queria viver com ele para sempre, mas também para sentir falta de algo mais. Ao que Roberto me interrompeu: “Descobri que ter casos com mulheres casadas é melhor. Amantes solteiras se envolvem demais, ligam na hora errada, cobram atenção. Já as casadas são cuidadosas, não querem correr riscos e não importunam”, disse. Gostei da explicação, mas queria saber mais sobre ele. Pela internet só o que ele havia me dito é que era um dos donos de uma loja de equipamentos eletrônicos. Pessoalmente, no entanto, abriu-se bem mais. “Não me acho galinha. Mas não sou ingênuo a ponto de acreditar em fidelidade eterna. E outra coisa: meu problema não é falta de sexo. É falta de sedução. Sinto saudade da fase em que eu seduzia e me deixava seduzir. Isso é o mais gostoso de ser solteiro”, afirmou.
Ponto para ele. “Concordo”, disse.“Mas e se a sua mulher também pensasse e agisse dessa forma? Você entenderia que ela recorresse à internet para procurar amantes?”, perguntei. “Aí você me complica”, ele disse. “Sou muito ciumento, não aceitaria isso.” Pronto, perdeu o ponto ganho e eu aproveitei o gancho para encurtar o encontro: “É justamente por achar que meu marido pode pensar dessa forma, que não me sinto bem em estar aqui conversando com você”. Ao que ele, pegando na minha mão, respondeu: “É, moça, mas você está aqui e eu também. O primeiro passo já foi dado”, disse, olhando fundo nos meus olhos. Para me livrar, falei a primeira coisa que me veio à cabeça. “Sabe o que é? Acho que Deus castiga!”, disse, soltando minha mão da dele. “Se a gente fizer com o outro algo que ele não faria com a gente, alguém lá em cima vai nos punir.” Mais quinze minutos de conversa (falamos sobre as outras moças que ele já conheceu por meio dos sites, da separação dele da primeira mulher, sobre a ótima relação que a segunda mantém com o filho...) e eu virei e disse: “Bom, querido, está na minha hora. Preciso chegar em casa antes que meu marido sinta minha falta”. Roberto me passou seu número de telefone e, elegantemente, não pediu o meu. Depois disse: “Vai, gatinha, mas vê se não some, hein?”.
Aham... não apenas sumi, como só pensava em me encontrar com Sílvio, o bonitão que é sócio de uma empresa de marketing e, desde o início, pareceu-me bem menos acessível e mais interessante do que Roberto. Casado há sete anos e sem filhos, Sílvio tinha no MSN fotos variadas. Algumas com cartões-postais europeus como cenário. E quando estava on-line, vivia com o status de “ocupado” ou “ausente”. Mas, com alguma insistência, marquei o encontro. “Tenho de visitar um cliente na Vila Madalena e pensei em tomarmos um café em um shopping ali perto. O que acha?” Topei na hora e sugeri o local. Dessa vez, fui eu quem se atrasou. Chovia muito e demorei uns 15 minutos. Sílvio já estava ali, sentado, mexendo freneticamente no Blackberry e, ao me ver, abriu um sorrisão. “Achei que você não viesse”, falou, enquanto me dava um beijinho quase asséptico na bochecha.
Para quebrar o gelo, pedi um capuccino e saí falando: “Sabe, Sílvio, eu não sou de insistir, mas achei que tínhamos de nos conhecer. Você, assim como eu, não parece ter entrado nesse site de relacionamentos por ser cafajeste, mas sim por estar buscando uma solução para os seus problemas...”. Ele pediu a palavra: “Desculpe se pareci esnobe. Mas nunca traí minha mulher e não sei se conseguiria traí-la”, afirmou. Perguntei para o bonitão — ele é moreno, alto e tem braços fortes por quem toda mulher adoraria se deixar abraçar — por que, então, ele havia se candidatado a amante. Foi quando me dei conta de que eu havia marcado um encontro com a versão vida-real do Gerson, personagem de Marcelo Antony em Passione, que tinha fetiche por pornografia na internet. “Ando meio sem tesão pela minha mulher e acabei me viciando em filmes e sites eróticos. Em um deles, vi o anúncio do site de encontros para casadas e resolvi fazer um cadastro para saber como era”, disse. “Mas só vi mulheres desinteressantes. Você é a que tem mais a ver comigo. Temos gostos mais parecidos.”
De fato, em nossas trocas de mensagens, falamos de literatura (Sílvio é vidrado em Saramago e desdenha Paulo Coelho), de música (ele curte The Strokes, assim como eu!) e de nossas passagens pela Europa (morei em Barcelona e ele em Londres). Mas, ali, ao vivo, ele era a antítese do que eu buscaria se, de fato, quisesse um amante. Era “coxinha” demais, certinho demais. Quase como uma criança grande. E, quando percebi, lá estava eu bancando a conselheira amorosa. “Em vez de realizar suas fantasias na internet, procure dividi-las com sua mulher”, sugeri. “Isso dá uma chacoalhada na relação, renova.” E ele perguntou: “Nossa, você entende disso. Já pensou em ser sexóloga?” Tratei de sair dali antes de que eu dissesse que preferia continuar sendo editora de sexo e acabasse me entregando. Sílvio entendeu que chegara minha hora, pediu a conta, pagou no cartão de crédito (“porque dá milhagens”) e, educadamente, deu-me outro daqueles beijos sem graça.
Sérgio
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