O interesse do público por tatuagem e tattoo art vem crescendo na última década – e não mostra sinais de cansaço. Aqui em São Paulo, em alguns círculos sociais, é quase obrigatório ter um ou dois desenhos estampados no corpo. Mas engana-se quem pensa que haja alguma novidade nesse comportamento de marcar a pele com desenhos. Assumindo diferentes formas, as tatuagens estão presentes há milhares de anos, desde o Egito antigo, onde a prática era restrita às mulheres. Já em terras nacionais, a tribo dos tupiniquins era (e é até hoje) uma das muitas etnias conhecidas por seu colorido estilo de fazer essa arte corporal.
A nova exposição da Galeria Olido, 'Na Pele: grupos que comunicam e se identificam pela tatuagem', enfoca a história da tatuagem no mundo, com ênfase em como ela se desenvolveu no Brasil. Para explicar esse rico percurso, serão exibidos equipamentos, livros sobre o assunto, fotografias e até
um documentário. Há ainda fotos de personalidades famosas e tatuadas, ao lado de anônimos, com depoimentos em vídeo. O passeio leva às origens da arte da tatuagem no Brasil, mostrando como ela começou com o uso de máquinas elétricas. Precursor, o tatuador dinamarquês Knud Harald Lykke ‘Lucky’ Gregersen trouxe a primeira delas ao país (em exposição na Galeria Olido). Ele chegou em 1959 ao porto de Santos e lá conquistou uma fiel clientela entre os marinheiros. Artista nato, ele herdou habilidades de tatuador do pai, Jens Gregersen, que desenhou sobre a pele até de um rei dinamarquês: Frederico IX. No Brasil, Lucky tatuou o surfista carioca José Artur Machado, imortalizado na música ‘Menino do Rio’, de Caetano Veloso – ode ao garoto que ostentava um ‘dragão tatuado no braço’.
Disposta em ordem cronológica, a exposição começa com as pinturas da tribo tupiniquim, passando pelos trabalhos de Lucky, representados em fotografias – ele desenhava linhas finas, com degradê de cores. Quando chegar ao trecho dedicado aos dias atuais, não perca o documentário O Brasil Tatuado. Dirigido por Sebastião Braga, o filme contém testemunhos de renomados tatuadores brasileiros como ‘Markone’ Tattoograff (especialista também em grafite), ‘Polaco’ Elcio Sespedo (que pratica um estilo realista e tem em seu estúdio um museu de tatuagem) e Maurício Teodoro (influenciado pelos traços orientais). Uma série de debates também faz parte do evento, com nomes célebres do universo da tatuagem como Paulo Tattoo, o dono do Soul Tattoo Art & Café, na Rua Oscar Freire. Ele costuma dizer que não relaciona o ato de fazer tatuagens a uma atitude desafiadora. Não por acaso, é um dos curadores da exposição – juntamente com Ricardo Vidal.
Se você se interessar em deixar uma marca, pode treinar seus dotes artísticos em um dos manequins que estarão à disposição no local. Os melhores trabalhos serão fotografados semanalmente e exibidos na própria mostra.
Preço: GRÁTIS
Horário de abertura Diariamente, 12h-21h30
Sérgio
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