segunda-feira, outubro 08, 2012

Guerra dos Sexos


E por falar em gêneros, em uma matéria para levantar a bola de sua nova novela, a Revista Época, da Globo diz que a mulher "venceu" a Guerra dos Sexos. Mesmo? Ainda estamos nessa?

Charlô é uma mulher poderosa. Pilota aviões, salta de paraquedas, diverte-se com namorados vários e defende o avanço feminino no mercado de trabalho. Otávio é conservador, autoritário e mal-humorado – além de machista incorrigível. Em 1983, Charlô e Otávio, interpretados por Fernanda Montenegro e Paulo Autran, se enfrentavam na novela Guerra dos sexos. Quase 30 anos depois, o embate volta à TV, numa novela com o mesmo nome, com Irene Ravache e Tony Ramos nos papéis de Charlô II e Otávio II, sobrinhos do antigo casal. O autor, Silvio de Abreu, não quis fazer uma adaptação. Trata-se, segundo ele, de outra novela. A escolha do escritor – partir do zero e escrever um texto novo para tratar do tema antigo – confirma um fenômeno observável na economia, na política, nos costumes. Se ainda há uma guerra dos sexos em andamento, ela não segue o roteiro conhecido até o início deste século. Estamos em território completamente diferente. E francamente favorável a elas. Pelo menos no mundo ocidental. 

“Os homens estão há 400 anos dominando. As mulheres começaram a aparecer há 40 – ainda têm muito chão para andar, mas estão indo rápido”, diz a jornalista americana Hanna Rosin, autora de The end of men (O fim dos homens, ainda sem tradução no Brasil). Hanna é editora da revista The Atlantic e faz coberturas de fôlego sobre sexualidade, relacionamentos e sociedade. No livro, ela relaciona avanços femininos em diversas frentes para concluir que a guerra dos sexos acabou – e elas venceram.

No século XX, havia inimigos bem claros diante das mulheres e dos homens que lutavam por igualdade de direitos e oportunidades para os dois sexos. Em casa, nos lares sustentados principalmente por homens, elas tinham pouco ou nenhum poder de decisão. No trabalho, discriminar e abusar delas demorou a ser considerado crime. Na universidade, elas eram minoria. O número de filhos por mulher era mais que o dobro do atual. Ao longo das décadas em que esses problemas foram gradualmente reduzidos (sempre mais lentamente do que seria o ideal), as mulheres passaram a ocupar maior espaço no mercado de trabalho, mas sem se aproximar da posição dominante. Os homens continuavam com a maior parte dos empregos, os melhores postos, a chefia dos lares e, mais importante, as expectativas mais ambiciosas do que elas poderiam ter. Tudo isso ficou para trás.

Sérgio

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