quinta-feira, setembro 13, 2012

Ensino Superior no Brasil


Amigos, este é um Editorial da Folha de São Paulo desta semana. Triste mas verdadeiro! E mais: imaginem agora com 50% de cotas para negros, índios e advindos de escola pública, sem importar com a preparação deles. Não que não tenham direito ao estudo. Nada disso: deveriam ter ESTUDO sim e de qualidade desde o ensino fundamental. O problema é que dar vaga em faculdades aos que não possuem mérito intelectual para lá estar é o mesmo que nada. Terão, quando muito, um papel e serão segregados pelo mercado, até que sejamos obrigados a contratar também por cotas... Que legal!


Noções preconcebidas e precipitação são as fontes do erro, ensinou o filósofo e matemático francês Descartes já no século 17. Recusar açodada e impensadamente a ideia de facilitar a entrada no Brasil de estrangeiros qualificados -como engenheiros portugueses- conduzirá a equívocos danosos para o interesse estratégico do país. A reflexão se impõe diante das respostas irrefletidas à defesa, pelo ministro luso dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, do reconhecimento de diplomas de engenheiros e arquitetos de seu país interessados em trabalhar no Brasil.

Há que ser mais cartesiano ao sopesar prós e contras da questão. O Brasil vive uma carência aguda -em quantidade e qualidade- desses profissionais do método e do rigor, herdeiros da atitude de Descartes perante as coisas do mundo. Segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Brasil precisa formar, até 2020, entre 70 mil e 95 mil engenheiros a cada ano. A Associação Brasileira de Ensino de Engenharia, porém, estima que em 2010 se tenham diplomado só 41 mil.

Decerto não se poderá superar tamanha defasagem só com a importação de engenheiros prontos, de Portugal ou alhures. Agiu certo o Ministério da Educação (MEC), portanto, ao fixar a meta de dobrar para 300 mil as vagas de cursos de engenharia oferecidas a cada ano no Brasil. Mas isso tampouco seria suficiente para suprir o deficit, ressalvaram os físicos Fernando Paixão e Marcelo Knobel, da Unicamp, em artigo na Folha, anteontem.

A evasão nas graduações em engenharia, assinalam os professores, é alta demais. Só um quinto a um quarto dos ingressantes termina por formar-se -segundo os autores, porque lhes faltam noções básicas de matemática, que deveriam adquirir no ensino médio. As notas de secundaristas brasileiros no Pisa, exame internacional padronizado, são devastadoras: 88% deles não conseguem ler gráficos, ferramenta revolucionária propiciada pela invenção do sistema de coordenadas cartesianas.

Da qualidade do ensino médio à abertura de vagas de engenharia, assim, são muitas as frentes de batalha para sanar a deficiência nacional. E não há por que excluir, de antemão, o recurso a profissionais estrangeiros -desde que submetidos à avaliação expedita da solidez de seus conhecimentos.

O problema, em realidade, é maior que o da engenharia ou o dos portugueses. O Brasil precisa desenvolver, paulatina e criteriosamente, uma política racional para atrair imigrantes qualificados de qualquer parte, como fazem os Estados Unidos -onde nacionalismo e cartesianismo se combinam com enorme eficiência, e não por acaso produzem muitos dos quadros que governam o mundo.


Sérgio

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