segunda-feira, dezembro 20, 2010

787: Mais atrasos


Pessoal,

O que era para ser um Dreamliner (em tradução livre, avião dos sonhos), está se revelando um Nightmareliner (avião dos pesadelos) para a Boeing. Parece que mais um atraso no programa será anunciado antes do Natal 2010. E a situação está feia: linha de produção paralisada, fornecedores em crise e 20 aeronaves parcialmente completas esperando manutenção em algo que soma mais de 100.000 tarefas, segundo o jornal The Seattle Times, da cidade onde fica a sede da Boeing. O desenvolvimento de aviões hoje é caríssimo e as escalas de gastos e tarefas de Boeing e Airbus são quase proibitivas. Antevejo num futuro próximo, quem sabe, uma associação entre este tipo de empresa pela sobrevivência. Tanto a Boeing está em risco pelo programa 787 quanto a Airbus pelo A380. E ambas devem voltar a atenção para novos produtos em breve (a Airbus já está trabalhando na família A350), pois entre o início dos trabalhos e a entrada em serviço de uma aeronave de grande porte vai, no mínimo, uma década.

A lista de problemas do 787, explicada em detalhes na matéria é: os motores Rolls-Royce (de novo ela, como no caso do A380) possuem problema de software e de equipamentos físicos. Um deles explodiu em uma bancada de testes poucos meses atrás nos EUA e o problema é sério. Até agora, a empresa britânica não resolveu corretamente a questão. Além disso, um princípio de incêndio no sistema elétrico da aeronave causou, recentemente, uma série de falhas sérias. A FAA (órgão regulador da aviação nos EUA) pediu um reprojeto do sistema de distribuição de energia da aeronave. Como se não bastasse, a Alenia, da Itália, que fornece as derivas (estabilizadores verticais, as populares "caudas") está com problemas na fabricação das estruturas e as 20 entregues até o momento são todas diferentes entre si. Ou seja, os italianos não sabem o que estão fazendo... A FAA disse que se estes graves problemas não forem revistos e corrigidos, a aeronave terá certificação limitada (ou seja, o Dreamliner não será certificado ETOPS*), não podendo cruzar os pólos da terra (necessário para rotas longas) e os oceanos, sem o que o modelo é inútil. Vamos ver o que vem por aí. Leiam a matéria, é estarrecedora. 

Sérgio

* ETOPS ou "Extended Twin Engine Operations" é uma sigla de certificação oficial das autoridades de aviação internacional (partes do órgão mundial, a ICAO), que permite a uma aeronave comercial voar em rotas que, em alguns pontos, estejam mais distantes de um aeroporto alternativo do que a distância de voo percorrida em 60 minutos. Para receber esta certificação o fabricante em questão tem que demonstrar para as autoridades aeronáuticas, incluindo vários testes de demonstração em vôo , que a aeronave submetida aos exames e análises é segura o suficiente para este tipo de operação, geralmente transoceânica. Atualmente, a maioria das aeronaves comerciais de grande porte e executivas a jato de pequeno e médio porte com alcance intercontinental dos grandes fabricantes mundiais possuem esta certificação. A principal exigência das autoridades aeronáuticas para a obtenção dessa autorização especial de vôo é a capacidade da aeronave se manter em vôo, caso um dos motores falhe, até uma parada de emergência mais próxima, especialmente pela análise do índice de confiabilidade dos motores. Saiba mais AQUI.

Nenhum comentário: