domingo, julho 18, 2010

S.L. do Paraitinga

Pessoal,

No começo do ano, a cidade de São Luis do Paraitinga foi inundada e perdeu de tudo: história, casarões, bens. tudo o que se pode imaginar. O Fórum da cidade ficou totalmente inundado e praticamente perderam-se todos os processos que lá tramitavam. Assim, a Justiça de São Paulo, em um trabalho que teve muito empenho da equipe da cidade, incluindo a Juíza, colocou a mão na lama, literalmente, para tentar recuperar o material. Agora, após um enorme trabalho, a cidade tem um dos poucos cartórios 100% digitais do Estado, o que deverá ser estendido para outras cidades e Comarcas no futuro. A vida é sempre assim: cícilica, de altos e baixos. Uma tragédia se abateu sobre a cidade que, no entanto, agora se ergue mais segura, ainda mais bonita. A lição é essa: dias melhores sempre virão, só que há muito trabalho a ser feito para isso acontecer. Nada cai do céu, exceto a chuva (que, como se viu, destrói e não o contrário). Veja abaixo a íntegra da reportagem do G1:

Depois da enchente que praticamente destruiu São Luiz do Paraitinga, no Vale do Paraíba, em janeiro, a cidade vive em reconstrução. Os sinais estão no novo colorido das casas e na presença dos operários na rua. No fórum, a reforma é ainda maior: o acervo foi recuperado da lama e digitalizado. Técnicos do Tribunal de Justiça de São Paulo começam nesta segunda-feira (19) a ensinar a juíza Renata Martins de Caravlho Alves e sua equipe a mexer no novo sistema. O Fórum de São Luiz do Paraitinga – cuja comarca abrange o município vizinho de Lagoinha – será o 12º do estado a ser digital. Segundo Renata, ele não estava “na lista de prioridades” do Judiciário paulista, mas, agora, cerca de 2 mil processos estão armazenados no computador. Restam 300 a ser digitalizados. Uma segurança em caso de novas catástrofes (o TJ tem acesso ao acervo) e agilidade na Justiça. “O sistema de trabalho é mais ágil. Posso fazer uma intimação online”, afirmou Renata, que recebeu a reportagem do site G1 nesta última semana..

“No fórum digital, não existe mais o papel. Abrindo uma tela, a juíza tem todo o processo ali. Antes, tinha que folhear, fazer o despacho, imprimir e encaminhar ao cartório. Agora, ela pode até dar a sentença pelo sistema”, contou Tarcísio Luiz de Souza Leite, responsável pela Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) do Tribunal de Justiça. É a equipe dele que dará o treinamento aos funcionários de Paraitinga, cidade histórica de 10 mil habitantes e localizada a 182 km de São Paulo. De acordo com Leite, o Fórum Nossa Senhora do Ó, na capital, foi o primeiro do estado a ser digitalizado, em 2007. Ele estima que, em média, o Sistema de Automação da Justiça (SAJ), instalado em Paraitinga, acelere em até 70% o andamento das ações. “É um avanço, se você levar em conta que hoje há 18 milhões de processos tramitando no estado. E, para o funcionário do cartório, é uma vantagem também. Não tem aquele acúmulo de papel e poeira. São melhores condições de trabalho."

A juíza Renata, que se nomeia “clínica geral” porque “aprende a cada dia”, é a única da cidade. Atua pelas varas cível, criminal e eleitoral (ela acumula a função de juíza eleitoral da comarca). Há seis meses, quando Paraitinga e o fórum que comanda há sete anos ficaram debaixo d´água devido à chuva, ela aprendeu também a tirar da lama 2.077 processos. “Em um primeiro momento, secamos tudo. Depois, com uma mangueirinha, algodão e pincel limpamos folha por folha. Penduramos no varal, usamos secador de cabelo. Foi um trabalho em situação de guerra”, recordou Renata, que, quando der, vai descartar (ela ainda não sabe como) a pilha de processos recuperados. E tudo está em dobro, pois ela fez cópia das folhas para que ninguém tocasse no material contaminado com a sujeira da lama. A juíza também está animada com o término da reforma do prédio onde trabalham 38 funcionários - a água da enchente quase atingiu o teto do 2º andar - e revela que os próximos dias serão desafiadores. Além de ser apresentada a uma ferramenta nova de trabalho, Renata terá que administrar as “reticências” que espera vir pela frente. “Tenho um novo desafio de trabalhar em um sistema digital, em uma cidade onde a internet é luxo para muitas pessoas.”

Sérgio

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