Adolescentes norte-americanos não querem saber do iPhone, do iPad ou de outro produto da Apple por não acharem os aparelhos da empresa 'legais ou atraentes', segundo pesquisa realizada pelo Buzz Marketing Group e divulgada em reportagem publicada na semana passada no site da revista "Forbes (veja aqui). O motivo é que, para os adolescentes, usar os mesmos aparelhos dos pais e professores, usuários dos "iGadgets", não os torna "descolados", indica a pesquisa. "Os adolescentes falaram para nós que a Apple já era", conta Tina Wells, que conduziu a pesquisa. "A Apple fez um grande trabalho em focar na geração X e nas pessoas mais velhas, mas não acredito que eles se preocupam com a nova geração de jovens, que querem saber apenas do Galaxy e do Surface". No Brasil, jovens de 14 a 21 anos buscam opções mais acessíveis ao iPhone - com o sistema operacional Android - que atendam suas necessidades de ter respostas rápidas e conexão móel à internet o tempo todo. Esta foi uma das constatações da pesquisa "Consumer User Survey", realizada anualmente pela consultoria Gartner. Em outubro de 2012, a análise coletou opiniões de mais de 1.200 jovens brasileiros sobre o consumo de eletroeletrônicos. "É inegável o fato de o iPhone ter sido um marco em termos de tecnologia, mas há uma percentagem de jovens que olham com desdém para as estratégias de marketing. Eles questionam o fato de pagar caro por isso", afirma Elia Sanmiguel, analista da consultoria Gartner no Brasil, ao G1.
O smartphone da Apple, que levou a consultoria a criar o termo 'visceral’ para definir a atração do consumidor pelo produto, ainda não perdeu seu glamour. "Não digo que o iPhone deixe de 'ser legal’, mas não é um aparelho acessóvel em relação a outras plataformas, que conseguem atender à exigência do público jovem, além de dar mais possibilidades de personalizar o produto, o que observamos na feira Consumer Electronics Show (CES) 2013", dia a especialista. O Gartner destaca a plataforma Android como preferência de jovens latino-americanos na escolha de smartphones e tablets. Já de acordo com o levantamento do Buzz Marketing Group, além do Samsung Galaxy S III, os americanos preferem o tablet da Microsoft, o Surface - os dois lançados em 2012. Para eles, o iPhone, lançado originalmente em 2007, é velho e obsoleto, embora o iPhone 5 tenha sido lançado em setembro. Curiosamente, o dispositivo da Microsoft tem tido resultados de vendas muito abaixo do esperado nos Estados Unidos.
Fora de moda
A lógica dos adolescentes, que não usar o mesmo estilo de roupas dos pais, por exemplo, serve para os dispositivos eletrônicos. Ainda, tradicionalmente, os pais dão os iPhones e iPad antigos para os filhos, deixando a marca atrelada a algo velho e obsoleto. Outro ponto que colabora para que os jovens não usem produtos Apple, segundo a pesquisa, está no fato de os aparelhos com sistema Android serem mais baratos, tornando-os os preferidos dos pais para dar aos filhos. "Houve muitos comentários negativos sobre o iPhone 5 e sua falta de inovação quando comparado ao modelo anterior, o iPhone 4S. Isso faz com que o aparelho não seja tão legal para os adolescentes", afirma Joeri Van den Bergh, da agência InSites Consulting. Os sinais de que os adolescentes não querem mais saber dos produtos da Apple já apareciam nos últimos meses. Em pesquisas sobre popularidade de marcas nos Estados Unidos, a Apple caiu algumas posições ou se manteve no mesmo local. De acordo com relatório da Piper Jaffray, contudo, a Apple pode ter uma nova chance entre os jovens. 67% deles disseram que irão comprar um iPhone quando trocarem de smartphone, enquanto 22% afirma que irão comprar um aparelho da Samsung. Há um ano, a pesquisa apontava que os adolescentes não pensavam em ter outro aparelho senão o iPhone.
Outro motivo apontado para a preferência de outros dispositivos pelos adolescentes estã no fato de os produtos da Apple terem apresentado alguns problemas recentemente, como a baixa qualidade de seu serviço de mapas. Aliado com a falta de inovação do iPhone, os concorrentes lançaram aparelhos melhores e mais baratos. A Samsung, por exemplo, enviou para as lojas 57 milhões de smartphones para as lojas no último trimestre de 2012, enquanto a Apple enviou 27 milhões de aparelhos, de acordo com dados da Strategy Analitics. Ainda, a Samsung gastou milhares de dólares em publicidade que passa a imagem de que o iPhone "é para pessoas velhas" e os adolescentes deveriam migrar para o que "é novo". A empresa sul-coreana tenta mostrar aos jovens que é "um absurdo ficar horas na fila por um smartphone". Tina Wells diz que a Apple ainda pode recuperar o prestígio entre os adolescentes. "A Apple precisa focar mais na inovação para que os jovens voltem a consumir a marca. Ela não pode descansar sobre suas conquistas do passado".
Sérgio
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