Os Fokker 100 da Avianca transportaram mais de 14 milhões de passageiros em 10 anos na empresa e muitos mais na aviação brasileira com TAM, Taba e outras. Agora, fazem parte da história. Matéria do site Airway:
A companhia Avianca encerrou nesta terça-feira (24) o ciclo de uma das aeronaves mais importantes e polêmicas dos últimos anos na aviação brasileira, o Fokker 100. Considerado um excelente jato por pilotos, o avião holandês foi crucial para a popularização das viagens aéreas no Brasil nos anos 1990, especialmente com a proibição da operação de grandes aviões nos aeroportos centrais de São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), no final da década de 1980.
Em serviço com a Avianca desde 2005, o Fokker 100 iniciou seus voos com a empresa quando ela ainda se chamava OceanAir. A mudança para o nome atual veio com a venda da empresa para a holding sul-america Synergy Group, que a integrou ao grupo Avianca, um de seus tentáculos e a maior companhia aérea da Colômbia. Outra mudança foi o nome do avião, que passou a se chamar “Fokker MK-28” – o nome “técnico” do modelo é “F.28 MK 0100”, popularmente abreviado como Fokker 100.
“O avião é meu, eu coloco o nome que eu quiser! Brincadeiras à parte, a alteração no nome foi um pedido do nosso departamento de marketing. E como podemos ver após esses 10 anos, parece que deu certo”, brincou José Afromovich, presidente da Avianca Brasil que atuou como “chefe de cabine” durante o último voo comemorativo do Fokker 100 com a empresa. “Esse voo parte de São Paulo, faz conexão em São Paulo e o destino final é São Paulo”, anunciou o “presidente-comissário” antes da decolagem no aeroporto de Congonhas.
Embora nunca tenha assumido, a escolha pelo nome diferente é um tentativa de afastar o jato de seu passado sombrio com a Tam. Os aparelhos da OceanAir e depois Avianca foram comprados da American Airlines.
Com a Tam, o Fokker 100 ficou marcado por uma série de incidentes, alguns fatais. O mais conhecido é o terrível acidente com o modelo “Number One”, que caiu sobre o bairro do Jabaquara em São Paulo (SP) momentos após decolar de Congonhas. A queda matou 99 pessoas, entre passageiros e pessoas que estavam no local.
Com a Avianca, o Fokker MK-28 registrou apenas um incidente grave, quando um aparelho precisou pousar de barriga no Aeroporto de Brasília, em Brasília (DF). Nenhum passageiro ou tripulante ficou ferido nesse ocorrido e a aeronave ainda pode ser recuperada.
Vende-se: Fokker MK-28
Os Fokker MK-28 da Avianca, que vêm sendo retirados de operação desde o início deste ano, serão substituídos por jatos Airbus A320 “zero km”. Ainda restavam na frota da empresa oito aeronaves desse tipo. Segundo Afromovich, duas delas já foram vendidas ao grupo australiano Qantas e as outras seis estão na fase final de negociação, também com empresas do exterior.
“O Fokker MK-28 é igual um velhinho com bastante idade. A cada ano que passa precisa de mais cuidados para continuar operando dentro dos limites estabelecidos e chega um momento que esse custo começa a não valer mais a pena”, contou o Afromovich ao Airway durante o que foi provavelmente o último voo do Fokker 100 no Brasil.
Como explicou o presidente da Avianca Brasil, a relação de custo “assento por quilômetro” do Fokker 100 é 29% mais alta que o dos novos jatos Airbus que estão chegando. “É o único motivo pelo qual decididos aposentar o MK-28. Fora isso, continua sendo um ótimo avião”, contou Afromovich, que acredita que as aeronaves ainda podem continuar voando por muitos anos com os próximos operadores.
Os Fokker 100 como os usados pela Avianca, fabricados no final da década de 1990, dependendo do quanto somam em horas de voo podem valer entre US$ 1 milhão a US$ 3 milhões. Em boas condições, ainda é um avião interessante para rotas curtas com demanda para 100 passageiros.
O Segredo da Avianca
Com a Avianca, que chegou a operar 14 aeronaves desse tipo, o Fokker 100 realizou quase 200 mil voos, acumulou 40 mil horas de voo, transportou 14 milhões de passageiros e percorreu uma distância equivalente a quatro mil voltas ao redor do planeta Terra.
E o tempo e multidão de passageiros estão marcados pelo último Fokker MK-28 da Avianca. O tecido dos bancos já é não é mais tão vistoso, as mesinhas e persianas das janelas estão notadamente gastas e o piso já foi trocado algumas vezes. Não só pelo aumento dos custos com combustível, são aviões com interior ultrapassado, embora ainda goze de umas das cabines mais silenciosas da aviação comercial e com ótimo espaço entre os assentos, características que com certeza vão deixar saudades aos que voavam com frequência nos Fokker 100.
Ao final do voo, Afromovich promoveu o último e emocionante “speech” do Fokker 100 com a Avianca: “Obrigado Fokker MK-28, avião extraordinário! E agora vamos servir o champanhe!”
Sérgio
Nenhum comentário:
Postar um comentário