Pessoal,
Notícia do dia, via Reuters:
A Rolls Royce substituirá até 40 turbinas de Airbus A380 utilizados por diversas companhias aéreas, após a explosão, em pleno voo, de um motor de um jato da australiana Qantas. "Rolls vai revisar e pode substituir até 40 turbinas de toda a frota de aviões A380", disse nesta quinta-feira (18.11) um porta-voz da Qantas. "Isto inclui os aviões da Singapore Airlines e da Lufthansa", revelou o porta-voz, acrescentando que a Qantas tem seis A380. O número de turbinas substituídas pode até aumentar porque as inspeções ainda prosseguem nos aparelhos, disse o porta-voz.
Na Qantas, "até o momento já substituímos três turbinas, em aviões diferentes. Prosseguimos com nosso programa de inspeção e ainda não estamos certos do número definitivo de turbinas a substituir". A Qantas paralisou seus seis aviões Airbus A380 após o acidente, em 4 de novembro, quando uma turbina Rolls Royce explodiu em pleno voo e provocou um pouso de emergência em Cingapura. Na sexta-feira (12) passada, o grupo britânico Rolls-Royce informou ter diagnosticado a origem do problema, e que um componente defeituoso está sendo substituído nas turbinas Trent 900 que equipam os A380 das companhias Qantas, Singapore Airlines e Lufthansa.
Agora, analisem comigo: uma falha que obriga a troca de 40 turbinas mostra a gravidade da situação e o risco ao qual os passageiros estavam expostos... É um absurdo. Assim é fácil "bater" a Boeing e fazer o A380 voar no prazo ou com menos atraso que o Dreamliner, na base da irresponsabilidade!!! É como as empresas do setor automotivo, fazendo recall a toda hora. Antes de significar respeito ao consumidor, como alardeiam, demonstra o contrário: que lançam carros com itens sem ou com testes abaixo do esperado para encontrar as falhas.
Para quem sabe inglês, vejam o relato abaixo, que recebi em uma seleta lista internacional da qual participo, sobre aviação comercial, que inclui apenas pilotos de linha aérea e pessoal que trabalha no setor (e participo desta lista porque sou advogado de empresa americana que atua na aviação comercial no Brasil e no mundo todo, dos EUA a Hong Kong, além de ser historiador da aviação civil há mais de 20 anos). O avião não caiu por extrema perícia dos tripulantes e muita, muita sorte: em resumo e linguagem simples, não podiam transferir combustível (para evitar vazamento e risco de um incêndio maior), não podiam ejetar combustível (pousaram pesado), não podiam balancear a aeronave (risco de queda e perda de controle), não podiam controlar o motor 1, vizinho do que explodiu (motor 2), pois o incidente estranhamente cortou o gerenciamento do outro motor (o que significa que se o motor 1 tivesse qualquer ocorrência, isso destruiria o aparelho) e, o mais grave, perderam todo o sistema hidráulico verde, deixando a aeronave no reserva, o amarelo. Para completar, estavam com a capacidade de frenagem extremamente limitada e quase ultrapassaram o fim da pista na hora do pouso...
Há outros detalhes de arrepiar, mas prefiro nem revelar, afinal, a mensagem que recebi e destacava todos os assuntos não é para ser pública. Mas adianto que foi tão grave que a aeronave atingida deve ter de trocar a asa inteira e deve ficar fora de serviço por meses. Já a mensagem que reproduzo abaixo está liberada, por já ter sido tornada pública pelo seu autor, um comandante da Singapore, que também está afetada pelo problema. Leiam:
The Qantas crew whose A380 suffered an uncontained engine failure earlier this month had their hands full in getting the super jumbo back to Singapore. Shrapnel from the engine disabled one of two main hydraulic systems, hampered the fuel transfer system, punched a hole in the forward wing spar and caused a major fuel leak. The cascading nature of such failures meant the pilots couldn't dump enough fuel to bring the aircraft down to its maximum landing weight and the fuel left in the airplane was unbalanced. Flaps, slats and spoilers couldn't be fully deployed and the gear had to be dropped manually. Once it was on the ground, the anti-lock brakes didn't work and, since the damaged engine was an inboard one, there was only one left for reverse thrust (the outboard engines of A380s don't have reversers because they often overhang the grass and might be FOD damaged).
The heavy, significantly disabled aircraft needed virtually all of the 13,123 feet of available runway. The whole wing might have to be replaced and the aircraft is expected to be out of commission for months. Meanwhile, the cause of the engine problem has been determined and it's just adding to the PR problems facing manufacturer Rolls-Royce. According to some people I've heard, newer versions of the Trent 900 engine installed in aircraft built after the Qantas jet in question (who is only 2 years old) had redesigned bearing boxes to prevent the oil leaks that resulted in the engine explosion. Airbus sales chief John Leahy told the he wasn't sure if the three airlines that chose the Trent for their A380s, Qantas, Singapore and Lufthansa, knew about the changes and which engines had been upgraded. Other A380 buyers chose the Engine Alliance GP7000.
Para quem leu, no último parágrafo se informa que o chefe da área de vendas da Airbus, John Leahy, informa que depois que o aparelho em questão, da Qantas saiu da fábrica (dois anos atrás), a turbina foi redesenhada pela Rolls-Royce para evitar que vazamentos de óleo possam ocasionar uma explosão, o exato problema deste jato. Só que, vejam a irresponsabilidade, não sabe dizer se as empresas que compraram o avião com as turbinas no modelo original foram "informadas" das mudanças e quais motores deveriam ser atualizados da mesma maneira. Parece piada... E de muito mal gosto!!!
Sérgio
2 comentários:
e os aeroportos do mundo já estão fazendo projetos dificeis e demorados para suportar esses gigantes problemáticos, trabalho na área.
Pois é. Parece que os problemas do A380 são sérios mesmo, mas como sempre, o público não precisa saber... Obrigado por participar.
Sérgio
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