quarta-feira, março 06, 2013

Romero Britto


Romero Britto fala sobre sua 'arte da cura' e dos 300 processos por plágio. O artista brasileiro é consagrado no mundo todo por seu estilo pop art. Especial para a Olivia Esteves! Matéria G1:

O colorido dos quadros e esculturas do artista plástico brasileiro Romero Britto é conhecido nos cinco continentes do mundo. O pernambucano, que nasceu em Recife, transformou os desafios da vida em telas com cores vibrantes e alegres, que conquistaram um espaço em mais de 100 galerias em vários países. Em entrevista ao G1, durante um fim de semana em Guarujá, no litoral de São Paulo, ele falou sobre como acredita ser o segredo do sucesso e suas consequências: mais de 300 processos por copiarem suas obras. O artista plástico brasileiro mais consagrado do mundo começou utilizando papelão e jornal para fazer suas telas, aos 8 anos de idade. Aos 14, fez sua primeira obra de arte, mas foi só na fase adulta, quando resolveu abandonar a faculdade de direito, que entendeu a real vocação. “Meu colorido começou em 1988. Eu sempre gostei de cores, mas não é o colorido que hoje em dia eu uso. Eu comecei mais com as cores primárias, depois eu acabei abusando mais das cores secundárias, os pastéis, o metálico”, conta Britto.

A inspiração foi vindo com o tempo e o aprendizado diário era visto nas obras. Ele acredita que o colorido do Nordeste e do Brasil deu o tom ao seu estilo pop arte, tomado pela mistura dos tons vibrantes e alegres. “Eu acho que todos nós temos essa possibilidade. O potencial de ser influenciado pelo seu meio ambiente e você influenciar o seu meio ambiente. Eu acho que, com certeza, o colorido do Brasil, o colorido Nordeste e, em geral o Brasil, sempre esteve presente na minha vida”, diz Britto. Mas em terras estrangeiras que o sucesso despontou. Depois de trabalhar como atendente de lojas, lanchonetes e prestar serviços em um lava rápido em Miami, ele conseguiu um espaço em uma galeria de arte na Flórida, sua porta de entrada para o mercado. Seus trabalhos começaram a ser vendidos em lojas, eventos, passaram a fazer parte de campanhas publicitárias e se alastraram pelo mundo. Além de pessoas simples, diversas personalidades como Arnold Schwarzenegger e Pelé passaram a ter coleções do artista. Britto explica que a sua arte é universal e, por isso, acredita que suas obras passaram a vender tanto em diversos pontos do mundo, onde há culturas e idiomas diferentes. “Pelo fato da minha linguagem ser uma linguagem universal, é muito mais fácil para as pessoas entenderam em qualquer lugar. Eu não estou falando só de uma história do meu vilarejo, eu quero que minha arte seja entendida por todos. Minha linguagem é direta, alegre, o que todo mundo quer. Não tem como você ver e não entender”, disse Britto.

Admiradores e fãs de Romero Britto consideram que suas obras são a ‘arte da cura’. O artista acredita que muitas vezes a arte ajuda, mas não é tudo. “Eu acho que, em geral, se você se rodeia de coisas positivas e alegres, com certeza vai elevar o seu espírito. Eu não digo necessariamente a minha arte, eu deixo as pessoas falarem”, afirma. Porém ele aconselha utilizar a pintura como uma terapia. Quando não se sente bem ele costuma fazer o que mais gosta: pintar. "É uma boa terapia. Em vez de beber e se drogar, você pinta”, brinca. O brasileiro também passou a fazer retratos de famosos. Para isso, teve que unir o estilo de pintar e criar de Romero Britto a rostos conhecidos no mundo inteiro. “Eu fiz retrato da Madonna. Eu adoro fazer retrato porque no retrato eu conto um pouco da história da pessoa e a pessoa conta um pouco da minha história”, explica o artista, que com a correria, e as encomendas a tona, por necessidade, passou até a pintar nos lugares mais inusitados, como dentro de um avião. E, para ele, nunca faltava inspiração, bastava existir um universo diferente ao seu redor.

A expansão de suas obras lhe rendeu muito reconhecimento, mas também consequências que vieram com o sucesso. Muitas pessoas começaram a copiar telas e esculturas de Romero Britto e ele passou a ter que controlar esse problema. "Tem muita gente copiando. Imagina do extremo da América do Sul a China. No ano passado a gente teve que processar mais de 300 pessoas nos Estados Unidos. Fora os Estados Unidos, mais um montão. Eu tenho que ter um advogado só para tomar conta disso porque é terrível. Eu não sou uma pessoa litigiosa, mas se uma pessoa na China registra o meu nome eu tenho que ir atrás para tirar o registro daquela pessoa”, conta ele. Brito entende que isso acontece quando se tem sucesso, mas lamenta essa forma de ‘fazer arte’. Para ele, muitas pessoas poderiam utilizar suas obras como uma fonte de inspiração e criar peças novas. “É aquela história de quem não pode fazer vai e tira do outro. Então, quem não pode construir, sonhar e criar a sua própria historia, vai lá e tira do outro”, diz.

Novos projetos

Mesmo com os plágios por todo o mundo, ele não pensa em abandonar o estilo Romero Britto de pintar e criar. Segundo o artista, sua arte tem se desenvolvido com o passar dos anos e novas experiências sempre acontecem, mas ainda não são reveladas. “Eu tenho tantas ideias. Eu já fiz tantas coisas experimentais que as pessoas não viram. Mas eu deixo mais as coisas se desenvolveram naturalmente, de forma bem orgânica, bem natural”, finaliza ele. Para este ano, o artista já está com diversas encomendas e pretende continuar distribuindo suas obras Brasil a fora. Entre os compromissos já agendados está a instalação de uma grande escultura na Escócia, em maio e, no decorrer do ano, a abertura de dois espaços em Moscou, na Rússia.

Sérgio

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