Os números oficiais do governo federal mostram que a iniciativa privada arcou apenas com 7,2% do custo dos estádios construídos e reformados para a Copa de 2014. A versão final da matriz de responsabilidade do torneio aponta investimento majoritário do poder público nas 12 arenas que receberam partidas da competição. Os números desmentem a tese defendida por Ricardo Teixeira, então presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), quando o Brasil foi escolhido para receber o Mundial, em 2007. Relatório de comissão da Fifa na época, baseado em informações de dirigentes e autoridades brasileiras, dizia que "o modelo de construção e reforma dos estádios daria prioridade ao financiamento privado por meio de concessões de largo prazo e, só eventualmente, usaria as PPPs". Ao todo, foram gastos R$ 8,3 bilhões em estádios. A maior parte desse investimento saiu dos cofres de prefeituras, governos estaduais e do Distrito Federal. Somando as 12 arenas, o poder público bancou 47% (R$ 3,9 bilhões) do total gasto em obras nos locais que receberam jogos do Mundial.
O restante dos recursos veio de financiamentos do banco público BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Uma linha de crédito criada especialmente para a realização da Copa do Mundo, garantiu R$ 3,8 bilhões, 45% do valor total gasto na construção dos estádios que foram usados no Mundial. Em 2007, quando o Brasil foi escolhido pela Fifa como sede da Copa do Mundo, governo federal e CBF (Confederação Brasileira de Futebol), que apresentaram a candidatura do país para sediar o evento, diziam de que as arenas seriam construídas utilizando 100% de recursos da iniciativa privada. "A Copa do Mundo será melhor quanto menos dinheiro público for investido. Essa equação é que norteia o projeto desde o início. Ao governo, em todos os seus níveis, caberá os gastos com obras que lhe dizem respeito. O investimento maior terá de vir da iniciativa privada", disse Ricardo Teixeira, em nota divulgada em maio de 2009.
Conta mais cara
A matriz de responsabilidade da Copa do Mundo de 2014 mostra um aumento real de 20% no custo dos estádios construídos e reformados para a Copa do Mundo, na comparação com a primeira versão do projeto, divulgada em janeiro de 2010. "As novas arenas multiuso, que foram construídas ou reformadas para a Copa do Mundo, tiveram custos alinhados com a média mundial para esse tipo de construção e são parte do legado esportivo deixado pelo megaevento", informou o Ministério do Esporte, em nota à Folha. "Boa parte desse aumento se deve ao estádio de Brasília. O primeiro valor anunciado não continha quanto ia custar o gramado, a cobertura. Acho que para não causar um impacto maior, sobre valor, parte do projeto estrutural foi acrescentado depois," afirma Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas. Bancado 100% com verba pública, do governo do Distrito Federal, o Mané Garrincha, em Brasília, foi o estádio mais caro da Copa do Mundo de 2014. Custou R$ 1,4 bilhão, 44% a mais do que a previsão inicial, descontada a inflação no período.
Sérgio
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