quinta-feira, janeiro 15, 2015

MC Pedrinho & MC Pikena


Um garoto de 12 anos e uma menina que não parece ter mais que isso também. Vejam o futuro que nos espera com gente assim. Depois nos perguntamos de onde vem os 529 mil que tiraram ZERO no Enem e vão para as quotas do PT nas faculdades. Eu sei de onde vem: dos bailes funk da vida! E, reparem, esses dois não são do Rio de Janeiro, mas de São Paulo, onde a degradação social, moral e cultural também se instalou. E, é claro, tema mais dinheiro e sucesso que todos nós... Veio do G1:

As letras cantadas por MC Pedrinho, novo ídolo do funk paulista, narram o oposto do que o garoto de 12 anos conta sobre sua própria vida. Ostentar conquistas materiais e sexuais é mais fantasia de futuro que relato de vida. Ele canta sobre proezas amorosas - com palavrões em tom de brincadeira de pré-adolescente -, mas já disse que ainda espera o primeiro beijo. O luxo de músicas como "Vida diferenciada" (uísque, Red Bull e viagem para Amsterdã) também passou longe da infância. "Sofremos muito, nem gosto de lembrar", diz a mãe, Analee Maia, ex-empregada doméstica.

MC Pedrinho faz parte do especial do G1 “Pop de menor”, sobre músicos brasileiros rumo ao estrelato sem idade nem para dirigir. Com pequenas idades e grandes fã-clubes, eles têm cifras que superam veteranos nas redes sociais. Os famosinhos contam como é se dividir entre aulas de matemática e milhões de cliques somados no YouTube. Veja letras e vídeos do MC Pedrinho. "'Cê é lôco'! Nem mistura em casa tinha. Sempre tive vontade de comer as coisas e quase nunca tinha", lembra o menino. ("Mistura" é expressão usada em algumas regiões do Brasil para se referir a carne ou outro complemento ao arroz e feijão no prato). Ele nasceu em Cabreúva, pequena cidade a 80 km de São Paulo, e criado na zona norte da capital. Pedro Maia é caçula com três irmãos: Luiza, 13 anos, Fernando, 15, e Giovana, 17.

'Tenho minha casa agora'

"Sempre fui extrovertido, mas nunca imaginei virar um artista", conta o garoto hiperativo. Ele brincava de ser funkeiro sem imaginar que daria certo. Quando perguntado sobre quem o ensinou a cantar, ele diz: "Ninguém, nem eu sabia!". Enquanto isso a mãe tinha que deixar os filhos com familiares para ir aos empregos de doméstica. "Minha mãe trabalhava muito para conseguir as coisas", reconhece Pedrinho. "Um dia um amigo me chamou para ir na GR6 (produtora de funk), fiquei sem dormir. Aí foi ‘mó legal’, quando entrei para gravar a música. Em uns dez dias os caras já gravaram o clipe. Eles fazem tudo por mim, é ‘da hora’", resume o menino. O sucesso no "funk pesadão" veio rápido, com cifras impressionantes: 600 mil fãs no Facebook e 14 milhões de visualizações no YouTube em quatro meses do hit "Dom dom dom". É difícil calcular o número total de cliques nos seus vídeos, que não estão juntos em um canal oficial - a conta de 35 milhões aqui é apenas a soma dos mais vistos. Os shows já chegam a 20 por mês, segundo o produtor Douglas Santos. Ele não divulga o rendimento de MC Pedrinho. O trabalho é intenso, mas comemorado como alívio para a família. A mistura já não falta no prato e eles já têm imóvel próprio. "Tenho minha casa agora, não passo mais vontade das coisas e minha mãe não precisa mais deixar eu e meus irmãos com minha tia para ir trabalhar", comemora o MC.

De doméstica a dona de casa

A mãe não trabalha mais como empregada doméstica, e pode ficar em casa cuidando dos quatro filhos adolescentes - o que significa que ela não deixou de ter muito trabalho. "Atualmente me dedico a casa e meus quatro filhos, que inclusive dá um trabalhão (risos). Mas consigo conciliar tudo e acompanho meu filho em seus shows", diz Analee, de 39 anos. "Graças a Deus, aos poucos estamos conseguindo conquistar nossas coisas. Hoje não passamos dificuldade, temos uma casa, e consigo ficar mais tempo com meus filhos. E principalmente eles terem a oportunidade de ter um ensino de qualidade", diz a mãe. Ela não quis falar sobre o pai de Pedrinho. Quando questionada, disse: "Sim, ele tem o pai (só isso)".

'Pesadão' light

Pedrinho tem destaque na onda atual de "funk pesadão" de SP, com letras cheias de palavrões impublicáveis - "Dom dom dom" era assim na versão original. O sucesso cresceu com uma versão mais leve dos versos. A nova letra permite que o sucesso da web chegue a rádio e TV.  "Atualmente as letras do Pedro estão melhorando. Porém, ainda existem as músicas antigas que circulam na internet. Mas mesmo não gostando das letras eu apoio meu filho em todos os seus trabalhos", diz a mãe. No meio de tantas mudanças e sucesso, Pedrinho ainda tem que arrumar tempo para a escola, na sétima série. "Vou sim, estudo à tarde. É corrido, mas dá tempo", conta. "Gosto de algumas coisas, mas o que mais gosto é História", conta. Seu comportamento ganha só elogios do produtor. "É um menino muito educado e divertido, dessa forma os trabalhos com ele se tornam muito mais agradáveis e sem complicações. O Pedrinho é um caso de um em 1 milhão. Trabalhei com várias artistas (MC Guimê, Nego Blue, Daleste) e não há nada igual a ele. Vejo um futuro brilhante", elogia Douglas.

Sérgio

2 comentários:

Carlos Marcos disse...

Concordo com tudo que você disse exceto isso: "..e vão para as quotas do PT nas faculdades. Eu sei de onde vem: dos bailes funk da vida!".
Primeiro não sei de onde tirou que pessoas dos bailes funk da vida fazem universidade, será que vc está tão longe da realidade brasileira assim?
Segundo você acha justo um aluno que estudou a vida inteira em escola pública, pois não teve a oportunidade dos pais pagarem sua educação, concorrer a mesma vaga com uma aluna de escola particular filho da elite, acha que a disputa é justa? Por que todos que entram na ampla concorrência de medicina na UFRJ é de escola particular? Infelizmente, no momento em que vivemos a cota é necessária. Só a educação universitária de qualidade como universidades federais e estaduais pode mudar a vida desse garoto e dessa garota. Uma educação de qualidade no qual eles não nunca tiveram.
Na minha opinião todas as escolas de ensino fundamental e médio deveriam ser públicas. Pois ai teriamos educação de qualidade em todas as classes sociais.

Sérgio Gonçalves disse...

Carlos,

Obrigado pelo comentário, é assim que a gente aumenta a cidadania, dando sua opinião e falando para que outros pensem e exerçam o direito de expressar sua opinião diferente. Claro que não dá para pegar o que eu disse ao pé da letra. Especialmente no contexto. Minha frase completa foi "Depois nos perguntamos de onde vem os 529 mil que tiraram ZERO no Enem e vão para as quotas do PT nas faculdades. Eu sei de onde vem: dos bailes funk da vida!".

Nãio quero me referir à todos os que usam das cotas. Falei dos 529 mil que tiraram ZERO e não tem a menor noção (rudimentar que seja) da língua ou não tem sequer a disposição de tentar!

Estava comentando que uma grande parte, talvez a maioria, simplesmente não se dedicam mais a estudar ou aprender por não dar valor para a educação e por saber que uma cota da vida os levará ao curso superior de qualquer maneira. E, por isso, dedicam tempo que deveria ser para o estudo e aprimoramento pessoal à Vida Loka!

O que critico é a degeneralização de costumes e da educação básica, aquela que nos impede de nos confudirmos com animais, de comportamentos erráticos em bando, o quê ocorre com a juventude de hoje, que exalta o crime e a subjugação das mulheres e se comportam sem a menor noção de moral, civismo ou cidadania.

E concordo 100% com você: direito à educação de qualidade deveria ser GRATUITO no mínimo, até o fim da educação de nível médio. Daí em diante, os capazes deveriam ter condições de passar em um curso superior gratuito e os demais poderiam ter cursos técnicos, também gratuitos. Afinal, mesmo nos EUA, faculdades são poucas e exigidas de profissões específicas. Lá impera o curso técnico para a maior parte das carreiras e os rendimentos dos que escolhem estas carreiras é digno e lhes garante uma vida decente.

Aqui é que vivemos este contrasenso: damos uma educação (e aqui o termo é o técnico) de péssima qualidade e exigimos faculdades de todos, como por exemplo, enfermeiros. Lá, nos EUA, isso é curso técnico. No fim, as cotas de faculdades não serão suficientes e teremos de colocar cotas nos empregos, como já existe a dos deficientes (que, também está deturpada no Brasil).

Meritocracia é importante para todos. Não dar estudo, educação, dignidade, cidadania gera esses exemplos de MC's da vida, cujas letras exaltam o que a sociedade diz combater: o crime (especialmente como meio de vida) e o desrespeito à mulher. Isso é o quê combato. Não sou elitista. Estudei em Escola Pública nos Anos 80 em São Paulo e era melhor que muitas particulares. Pena que hoje, quem quer ensinar não encontra alunos querendo aprender, na maior parte dos casos (sim, há honrosas exceções). É isso quê combato com meu comentário.

Grande abraço!

Sérgio