Espionagem industrial

Juuuura? Matéria do G1:

A Polícia Civil de Jundiaí (SP) acredita que o furto dos sete iPads ocorrido na empresa Foxconn, que fabrica eletrônicos na cidade, pode ter relação com espionagem industrial. O sumiço dos equipamentos foi percebido pela empresa nesta segunda-feira (9) e comunicado à polícia nesta quarta-feira (11). Segundo o delegado Ítalo Miranda Júnior, seccional de Jundiaí, a conduta adotada pelos representantes da Foxconn é considerada incomum por ele. “Em um início de investigação não descartamos nenhuma hipótese de apuração. Mas pelas circunstâncias do caso, pelo produto furtado, pela forma como ocorreu, sem arrombamento, com apenas uma pessoa com a chave do local, por ser uma sala restrita, enfim, acredito que pode ser um caso de espionagem industrial", disse ele. Ainda de acordo com Júnior, outro detalhe que faz a investigação do caso trilhar para o caminho da espionagem é o tempo que a empresa demorou para comunicar o caso para a polícia. “Todas as pessoas envolvidas, desde quem tem a chave do local [estoque] onde estavam os equipamentos até quem era responsável pelo monitoramento das imagens das câmeras, enfim, todos serão chamados para prestar depoimento", afirmou Júnior.

O delegado Antonio Seleguin Júnior, responsável pelo 2º Distrito Policial de Jundiaí, conversou como o supervisor de segurança da Foxconn nesta quinta-feira (12) para tentar saber mais detalhes sobre o caso e assim acelerar a apuração do furto dos tablets. “Eu me lembro de outro caso semelhante, de furto a uma empresa de grande porte aqui na cidade. Os representantes registraram o caso e já vieram com os arquivos das imagens para a polícia iniciar a investigação. Em pouco tempo o caso foi solucionado e os responsáveis foram presos", disse. Seleguin disse também que “a empresa [Foxconn] não está ajudando a polícia. O registro das câmeras podem nos ajudar muito a resolver o caso. Não podemos simplesmente ir até a empresa e pegar os CDs com as imagens. Precisamos contar com a boa vontade da vítima, que neste caso é a Foxconn. Vamos pedir os arquivos de imagem por ordem judicial se for o caso. Nem mesmo os números de série dos equipamentos furtados eles informaram.”

Aparato de segurança

Observada pelo lado de fora, a área de entrada do prédio da empresa tem pelo menos 20 câmeras de segurança. Dois funcionários da empresa informaram que o sistema completo de segurança da empresa tem cerca de 400 câmeras e que seria difícil que uma delas não tenha registrado o responsável pelo furto. As catracas de entrada e saída dos funcionários também são monitoradas. Uma equipe de pelo menos seis homens faz o controle de entrada de funcionários, visitantes e de veículos na empresa. Ainda há seguranças que circulam o prédio da fábrica em motocicletas. Além dos carros usados pelos funcionários para irem ao trabalho, cerca de 40 ônibus fretados são usados para o transporte dos trabalhadores em dois turnos de expediente.

No histórico do Boletim de Ocorrência, o supervisor de segurança da Foxconn informou que tentou checar a possível autoria do furto assistindo aos registros das câmeras de segurança. “Quando ele registrou o furto nos disse que teria imagens para analisar e, nesta tarde, nos disse que agora não tem mais imagens para analisar. Isso é estranho”, disse o delegado seccional.

Procurado pelo G1, o supervisor de segurança da Foxconn não quis se pronunciar sobre o caso. A assessoria de imprensa da Foxconn disse que a empresa também não se pronunciaria sobre o assunto. Questionada sobre a possibilidade de os equipamentos furtados terem sido fabricados na unidade em Jundiaí, a assessoria disse que não falaria. Sobre a possibilidade de os equipamentos serem apenas protótipos, a assessoria também não quis se pronunciar.

iPad no Brasil

A Apple ainda não confirmou a fabricação do iPad no Brasil. Porém, no início de abril, a companhia norte-americana recebeu certificação para montar e vender o iPad 2 no país, segundo informações do site "Macrumors". O modelo, segundo a reportagem, seria de 16 GB de memória e seria montado na fábrica da Foxconn em Jundiaí, no interior de São Paulo. No fim de janeiro deste ano, o governo federal publicou portaria em que habilitava a Foxconn a receber incentivos fiscais para a produção de tablets no Brasil. A companhia pretende investir US$ 12 bilhões no país nos próximos anos, para a produção local de equipamentos.

A Foxconn condicionava o início da produção no país à concessão de incentivos fiscais que já eram oferecidos para outros produtos de informática. Em outubro de 2011, tablets produzidos no Brasil passaram a ser incluídos na chamada 'Lei do Bem'.

Sérgio