domingo, abril 15, 2012

Não ao preconceito


Meus parabéns a este Juiz. Ele entende que a Justiça existe para dar apoio à sociedade e reconhecer sua vida, ou seja, como agem seus cidadãos, e protegendo-os, não apenas os regulando e impedindo. Diversidade existe e deve não apenas ser "tolerada", como dizem, mas aceita como algo normal. A vida de cada um é problema só dele. O resto é intolerância e preconceito. Matéria G1

Um juiz da 2ª Vara de Ceres, a 177 quilômetros de Goiânia, acolheu parecer do Ministério Público (MP) e foi favorável a um pedido de mudança de documentação civil de Vando Carvalho dos Santos. Desde os 20 anos, o transexual, atualmente com 31 anos, mudou seu guarda-roupa, se traveste de mulher e passou a atender por Ana Kely. Mesmo ainda não tendo se submetido à cirurgia de mudança de sexo, segundo a decisão judicial, ficou comprovado que a transexual Ana Kely possui características femininas e porta-se como mulher em seu cotidiano. A retificação do nome, segundo o magistrado, foi concedida devido ao constrangimento sofrido pelo rapaz, que está se submetendo a tratamento psicológico para passar por procedimento cirúrgico para mudar de sexo e faz tratamento com hormônio desde os 15 anos. A ação que aprovou a mudança de nome durou aproximadamente quatro meses.

Segundo Ana Kely Carvalho dos Santos, a mudança do nome foi um passo mais importante que a própria cirurgia, que está prevista para acontecer no final de 2013, quando termina o tratamento psicológico. “Não estou dando muita importância para a cirurgia. Eu já estou 95% completa. Não fiz a mudança de sexo, mas já consegui o que era o mais importante”, relata Ana Kely. A transexual, que é microempreendedora, afirma já ter passado por vários constrangimentos na rua e no trabalho pelo fato de ter registrado o nome de homem e ter aparência de mulher. “O nome sempre me causou mais constrangimento porque se passar por uma mulher não é fácil”, conta Ana Kely.

Mudanças

Ana Kely, como é chamada por amigos e familiares desde os 15 anos, conta que notou modificações em seu comportamento quando tinha apenas oito anos: “Comecei a notar que meu comportamento era diferente. Eu notei que gostava e sentia desejo por pessoas do mesmo sexo que eu, mas não entendia. Eu pensava: ‘Mas eu gosto de meninos?’. Era estranho porque o certo, segundo a sociedade de um modo geral acredita, seria gostar de meninas”. Com silicone, cabelos longos, voz mais fina após uma cirurgia nas cordas vocais e no pomo de adão, realizada há aproximadamente um mês, Ana Kely conta que a época de colegial, entre seus 15 e 18 anos, foi quando sofreu mais preconceito. “Nessa época, eu comecei a deixar o cabelo crescer, já usavas blusas femininas e maquiagem. Ouvia de tudo: ‘boiolinha’, ‘menininha’, ‘bichinha’. Sempre pedi à direção da escola que mudasse meu nome na chamada, porque era estranho. Eles me chamavam de Vando, mas, quando me olhava no espelho, não era isso que eu via”, relata o transexual.

Família

Ana Kely tem mais duas irmãs e um irmão. Ela conta que em casa nunca enfrentou problemas por causa de sua condição sexual: “Em casa foi tranquilo, não teve choque, não foi preciso reuniões. Eu sempre fui mais delicada, mais reservada e não gostava de roupas masculinas. Então, tudo aconteceu naturalmente, sem muito exagero”. Segundo o advogado do transexual, José Barreto Neto, a conquista de sua cliente abre portas para que pessoas na mesma situação consigam mudar de nome: “Ela sofria muito preconceito, sempre sofreu. O nome na identidade já foi mudado e o sexo também será alterado no documento assim que ela passar pela cirurgia”. Até este sábado (14), Ana Kely ainda não havia dado entrada para os novos documentos, mas afirmou que já está se preparando para realizar o procedimento.

Sérgio

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